As quatro estações
Dia desses parei para apreciar "As quatro estações" de Vivaldi.
Lembrei-me do Artur da Távola, que, ao comentar esta obra magnífica, foi muito feliz ao dizer como, pela música, é possível identificar o espírito das quatro estações com as passagens de nossas vidas.
Na primavera, as flores, a alegria, todo o encantamento que brota da vida que então floresce. Depois, o verão, o ápice da exaltação da vida, com o calor que anima as pessoas e a jovialidade que se faz presente. No outono, toda essa agitação começa a adormecer, numa época de renovação, com o início da morte daquilo que precisa ceder lugar ao novo. No inverno, sobressai o silêncio marcado pelo frio, pelo recolhimento, enfim, pela morte. Mas a morte não é o fim. Da morte brota a vida, já marcando o início da primavera, recomeçando uma nova estação, nesse ciclo infinito da beleza da vida.
Assim é, também, a nossa vida. Quantas vezes somos primavera, florescendo, radiantes, na celebração da vida que renasce; verão, exalando, alegres, felicidade, no viver calorosamente; outono, recolhendo, cansados, nossas forças, na preparação para o que está por vir; inverno, assumindo, tristes, o recolhimento da morte.
O segredo talvez esteja em reconhecermos o caráter cíclico da vida. Nenhuma estação dura para sempre. E uma só existe em razão da outra. Impossível se enclausurar em apenas uma das estações. Por mais tenebroso que seja o inverno, a primavera há de chegar, numa preparação para o auge da vida, que é o verão, que, por sua vez, certamente não durará para sempre, cedendo lugar ao outono, na véspera do novo inverno que não se demora a se apresentar.
Impressiona o poder mágico que a música tem, de revelar algo que se apresenta de maneira tão sublime. Ouçam "As quatro estações" e apreciem toda a beleza que nela se contém.
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